Trabalhadores negros ganham cerca de R$ 1,2 mil a menos que brancos, em média .

Após 130 anos da prática de comprar e vender outras pessoas ser abolida do Brasil com a Lei Áurea, assinada no dia 13 de maio de 1888, trabalhadores negros ganham cerca de R$ 1,2 mil a menos que brancos, em média.

Os dados do IBGE são do 4º trimestre de 2017 e fazem parte da Pnad Trimestral, que disponibiliza informações desde 2012. Os números mostram que, entre 2012 e 2017, não houve nenhuma mudança substancial na diferença de rendimento entre negros e brancos. Segundo Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, os números não poderiam ser diferentes já que a desigualdade vem da época da colonização. “A forma como houve o processo de colonização do país mais esse processo de escravidão acabam por trazer uma herança”, afirma. Os números também são consequência do acesso à educação para o especialista, bem como condições de vida diferentes para os grupos. Apenas 8,8% da população negra com mais de 25 anos frequentou uma faculdade. Para a população branca, esse índice é de 22,2%. A média salarial de uma pessoa branca no Brasil é de R$ 2697 enquanto pretos e pardos recebem, em média, R$ 1534. Além da diferença média no salário, há mais trabalhadores negros sem carteira assinada que brancos — 21,8% e 14,7%, respectivamente. Para Maria Helena Machado, professora da Universidade de São Paulo e especialista na história social da escravidão, as consequências do processo permearam toda a sociedade. “As pessoas viviam com a escravidão de maneira muito naturalizada. Quando uma sociedade é construída sob uma base dessas, a mudança é bastante longa e difícil, é árdua”, diz a professora. Enquanto 8 em cada 10 das pessoas mais ricas no Brasil são brancas, na parcela mais pobre da nossa sociedade a proporção se inverte: 8 a cada 10 pessoas com baixas condições são negros.

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