Captação ilegal em Iguá faz barragem secar e moradores ficam sem abastecimento de água

Moradores do distrito de Iguá, zona rural de Vitória da Conquista, estão sem abastecimento regular de água há mais de 30 dias e o motivo é mais grave que a estiagem prolongada na região.

A explicação, segundo os moradores, está na captação irregular por bombas d’água potentes, instaladas por fazendeiros, na barragem construída há mais de 50 anos por moradores da localidade. Referência em beleza e armazenamento de água na região, a barragem vem sofrendo com vários problemas e o que antes era uma extensa lâmina d´água, hoje é terra rachada e lama.
O quadro é desolador, relata um lavrador, que prefere o anonimato, temendo ameaças. Alguns animais começam a morrer de sede e o resto de água que ainda repousa no final da barragem é disputada como se fosse cobiçado objeto de desejo de todos.

As bombas foram instaladas desde o ano passado, mas o agravamento se deu agora. “Eles são ricos, poderosos. Tanto que a gente denuncia e nada acontece, então resolvemos apelar para a imprensa e para quem realmente possa escutar nossos apelos”, desabafa. “Os nomes? É complicado dizer, pois são gente rica e tenho medo”.

Assim que foi informada da situação a vereadora Nildma Ribeiro (PC do B) informou, na sessão da Câmara Municipal, nesta quarta-feira (17), que será feita uma denúncia ao Inema (Instituto Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos)e à Sema (Secretaria do Meio Ambiente) sobre a depredação da barragem. “A barragem tem mais de 50 anos e vem sendo drenada de forma irregular por fazendeiros que instalam bombas no local”, acentuou.
Outro morador relata que, nunca presenciou cena igual. “Eu tenho 36 anos e eu nunca vi a barragem nessa situação”, reforça. “Tem fazendeiro que com bombas que tiram 20 mil litros de água por hora e essas bombas ficam ligadas o dia todo”, completa.
Em documento, uma comissão de moradores enumera outros problemas. “Um deles é o assoreamento, que é um processo natural, acelerado devido ao depósito de lixo e entulho às margens das estradas e que são levados até a barragem”.
Segundo os moradores, esse processo já é bem visível, pois a barragem está cada vez mais rasa. “Tem ainda a pesca predatória, que é feita até no período de desova dos peixes, com uso de equipamentos ilegais, como bombas e redes finas; mato nas margens e dentro da barragem e uso de ilegal de bombas para levar a água para propriedades particulares”.
Segundo alguns moradores da localidade, em momentos é possível observar até cinco bombas retirando água da barragem. “Esse ultimo é um dos principais problemas, já que a região passa por um longo período de estiagem e mesmo assim a água é retirada de maneira indiscriminada e em grandes quantidades, o que agrava a situação e contribui para a secagem”.
Para tentar resolver esses problemas a comunidade cobra soluções dos governantes e indicam algumas soluções, como proibição da pesca predatória com uso de redes e bombas; retirada imediata das bombas que “roubam” água; despejo de entulhos e lixos nas margens e estradas próximas, além de limpeza das margens e da parte rasa da barragem e uso de maquinas e retroescavadeiras para retirar a terra e aumentar o nível da barragem, assim como a criação de um disque-denuncia para que os moradores avisem as autoridades sobre irregularidades.
Fonte: TV Sudoeste Digital
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