Caos em Itabuna: fechamento de maternidade leva à morte de bebês e caso para na Justiça

O fechamento da Maternidade Ester Gomes tem causado conflitos em Itabuna, a 317 quilômetros de Salvador. Na manhã desta quarta-feira, 9, o Portal A TARDE foi procurado pela vereadora Charliane Sousa (PTB), que relatou as consequências deste fechamento na cidade.

Segundo Charliane, muitas mães estão sofrendo com a falta de atendimento. “Há casos de mulheres que perderam o filho por não conseguir atendimento, nem conseguiram fazer o processo de retirada do feto, comenta.

“Sérgio Gomes [conselheiro da maternidade] é filho do prefeito da cidade, Fernando gomes. Ele pediu ao pai o recurso de 900 mil, porém o prefeito não acatou. Sérgio decidiu fechar a maternidade e com isso as mães ficam sem um local para receber o atendimento. Algumas buscam em Camacan e Ilhéus”.

Em uma rede social da maternidade há reclamações sobre o atendimento. “Fui lá só pra ser humilhada e em relação ao médico que me atendeu, nem na minha cara olhou direito nem minha ficha e ultrassom olhou”, escreveu uma usuária da rede social.

Município acionou a Justiça

Nesta segunda-feira, 7, a prefeitura divulgou, através de nota, que a Justiça foi acionada para retomada serviços de obstetrícia da Maternidade Ester Gomes. De acordo com o Secretário de Saúde de Itabuna, Uildson Nascimento, o fechamento da unidade é considerado “sem sentido” e que só traz prejuízos para a população que precisa desses serviços.

“Por questões burocráticas, ao assumir a pasta, no início de setembro, foi cancelado o Chamamento Público que ocorreria ainda no referido mês, e que resultaria na renovação do contrato. Vale ressaltar que mesmo sem o chamamento/contrato, o pagamento da Maternidade continuou sendo feito, sem nenhuma interrupção. Insatisfeita, a direção da Maternidade acionou a justiça para obrigar o Município a apresentar o contrato, mas o fato é que em nenhum momento o município se negou, apenas houve atraso no chamamento”, explica.

Segundo Uildson Nascimento, a Justiça apresentou um prazo de 15 dias, vencidos na segunda, para que o município apresentasse o contrato. “A Maternidade agora passou a se recusar a assinar, por ser mais conveniente acionar a justiça para que entre em vigor o contrato no valor do repasse que ela solicita de R$ 700 mil, e não o de R$ 365 mil, que é direito via tabela SUS”.

Em busca de solução

De acordo com a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), o atendimento obstétrico e pediátrico será restabelecido em outra unidade de saúde, que fica localizada na cidade de Itabuna (a 317 quilômetros de Salvador). A decisão foi tomada nesta terça-feira, 8, durante uma reunião entre o secretário Fábio Vilas-Boas e os resentantes da prefeitura de Itabuna, da Santa Casa de Misericórdia, Hospital de Base e Fundação Fernando Gomes.

De acordo com a Sesab, a decisão de fechamento da maternidade foi confirmada pelo conselheiro Sérgio Gomes, que também esteve na reunião. Com isso, os atendimentos de obstetrícia e ginecologia de Itabuna vão ser transferidos, de forma integral, para o Hospital Manoel Novaes, pertencente à Santa Casa de Misericórdia da Itabuna. Os atendimentos pediátricos, por sua vez, serão feitos a partir desta segunda-feira, 14, através da Unidade de Pronto Atendimento Municipal (UPA), que será equipada para estes serviços e também terá profissionais contratados nos próximos dias.

Inserção de novas unidades de saúde

Além da transferência de atendimentos, a cidade de Itabuna também irá receber dois Prontos Atendimentos Pediátricos que vão ser inaugurados pela Prefeitura nos bairros de São Caetano e de Nova Itabuna. As Unidades Básicas de Saúde destas regiões vão ser transformadas em Unidades Mistas e vão contar com pediatras de segunda a sábado, das 7h às 19h, além de possuírem aptidão para pequenos atendimentos de urgência.

O secretário Vilas-Boas alinhou-se, no dia 18 de setembro, uma solução em conjunto com representantes da Santa Casa e da Prefeitura de Itabuna, além de firmar o acordo com o prefeito Fernando Gomes. Porém, a decisão do fechamento da Maternidade Ester Gomes necessitou um novo arranjo da rede.

 

Fonte: A Tarde

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