Dr. Altamirando Rodrigues Ex-Delegado Chefe da Polícia Civil do Estado da Bahia

  1. Estão Voltando as Flores.

Em dezembro de 2019 surgiu na cidade de Wuham, na China, a coronavírus SARS-CoV-2, Covid-19.
Em 30 de janeiro de 2020, a OMS declarou que o surto do novo coronavírus constitui uma Emergência de Saúde Pública Internacional (ESPII) – o mais alto nível de alerta da Organização, conforme previsto no Regulamento Sanitário Internacional.
Medidas de distanciamento social como estratégia para reduzir o número de casos e controle da doença foram recomendadas pela OMS.
Em 02 de março de 2020, desembarquei no aeroporto de Salvador, já usando máscara e álcool em gel.
Em 6 de março, foi confirmado o primeiro caso no estado da Bahia, na cidade Feira de Santana e a infectada, uma mulher de 34 anos
Em 11 de março de 2020, a Covid-19 foi caracterizada pela OMS como uma pandemia. O termo pandemia se refere à distribuição geográfica de uma doença e não a sua gravidade.
Em 13 de março, os primeiros três casos confirmados em Salvador. Uma mulher de 52 anos, sua filha de 11 anos e um homem de 72 anos.
Em 29 de março, a primeira morte confirmada no Estado, em Salvador. Paciente, homem de 74 anos.
A OMS e a comunidade médica lançam cartilha propondo conduta para diminuir o risco de contrair a doença, ou seja: usar máscara, lavar as mãos ou usar álcool, evitar aglomeração, mantendo o distanciamento, cobrir a boca com o braço ao espirrar e sempre deixar janelas abertas para circulação do ar em ambientes fechados.
No Brasil, o Ministro da Saúde, os governadores estaduais e os prefeitos, nos limites da autonomia e competência da Unidade Federativa que dirigem, editaram medidas para a obediência às normas recomendadas pela OMS, flexibilizando ou reforçando o seu cumprimento, na medida do aumento, estabilidade ou diminuição do número de infectados, internados e óbitos.
Nessa linha de atuação, o Governador da Bahia, Rui Costa dos Santos, editou atos normativos mediante decretos, os alterou e alterou, também, Leis, visando principalmente limitar o número de pessoas em ambientes abertos e fechados, manter o distanciamento e o uso de máscara, obviamente, imprescindíveis e com total coerência.
Contudo, a autorização para que eventos sejam realizados sem restrição de público na Bahia, consignado no Decreto Nº 21.247 de 18/03/2022, publicada na edição de sábado (19/03/2022), elaborado com base na redução substancial do número de óbitos, taxa de ocupação de leitos de UTI e número de casos ativos divulgados diariamente nos boletins epidemiológicos, faz-me lembrar da história do compositor Amaral Gurgel.
Em dezembro de 1960, final da primavera, Paulo Gurgel Valente do Amaral Soledade, paranaense de Paranaguá, encontrava-se em leito hospitalar, desenganado por uma junta médica. Numa manhã, seu médico aproximou-se de seu leito hospitalar e anunciou que seu quadro clínico melhorara muito e que em breve estaria curado.
Eufórico ele pediu que fechassem a cortina e abrissem a janela. Vendo o brilho do sol e embora final de primavera, estação das flores, ele em 15 minutos compôs a música “Estão Voltando as Flores”, em ritmo de marcha-rancho, com os seguintes versos:
“Vê, estão voltando as
Vê, nesta manhã tão linda
Vê, como é bonita a vida
Vê, há esperança ainda

Vê, as nuvens estão passando
Vê, um novo céu se abrindo
Vê, o sol iluminado
Por onde nós vamos indo
Apesar de ser uma marcha-rancho, não foi feita para carnaval. Foi gravada, respectivamente, por Helena de Lima, Dalva de Oliveira e Emílio Santiago, que a interpretaram com o romantismo que inspirou Paulo Gurgel Soledade no ensejo de sua composição.
Transportando essa música agora, para bem próximo de nós, gostaria muito de ouvi-la na voz de Florisvaldo Andrade (Baeco). Contudo, dele só resta a lembrança. Foi mais uma vítima das mais de 29 mil na Bahia, que tiveram suas vidas ceifadas de forma insidiosa e cruel pela Covid-19, que diferentemente do Serial Kill não escolhe suas vítimas. Ela mata embrião, feto, nascituro, criança, adolescente, adulto, balzaquiano, idoso, pobre, rico, remediado, preto, branco, mulato, amarelo ou de qualquer cor, mulher e homem.
Resta-me, contudo, a esperança de ouvi-la na voz do escritor, compositor, violonista e cantor, Elomar Figueira Mello, que ainda se encontra internado, mas, resistindo à judiação da Covid-19 e a ela sobreviverá, mercê da misericordiosa proteção Divina, rogada em orações pelos seus amigos e admiradores, nos quais me incluo, como admirador. Mesmo que a oitiva seja na Casa dos Carneiros, para cujo comparecimento estou-me auto convidando.
Há mais de 2 anos me cuido, evitando aglomeração, mantendo a distância cautelar do meu vizinho, usando máscara, álcool em gel, lavando frequentemente as mãos e tomando vacinas, tantas quantas forem necessárias, considerando a minha condição de septuagenário, portador de comorbidades, por isso classificado no grupo de risco. Sou muito grato a Deus por estar vivo e continuarei fazendo a minha parte, recomendando, também aos meus chegados que façam o mesmo, até que tenhamos a esperada notícia emanada das autoridades da saúde, dando conta da que a Covid-19 está sob absoluto controle.

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