Chuva de meteoros que vieram do Halley acontece na madrugada de hoje(terça)

Na madrugada desta terça (5) para quarta-feira (6), ocorrerá o pico da mais bela chuva de meteoros do ano, a Eta Aquáridas. A partir das 3h (de Brasília), olhe para o leste e você poderá ver até 50 meteoros por hora.

O que faz deste evento especial é o ponto onde os meteoros convergem, na constelação de Aquário (por isso o nome), e a sua composição: resquícios do famoso cometa Halley.

A Eta Aquáridas também é conhecida por sua rapidez e densidade. Centenas de meteoros viajam a impressionantes 70 km/s, incandescentes na atmosfera da Terra, deixando rastros brilhantes no céu noturno. Alguns deles podem até parecer “explodir”.

O evento astronômico de hoje é visível a olho nu, sem necessidade de telescópios ou equipamentos especiais. E, como ele é mais intenso em regiões tropicais do hemisfério sul do planeta, nós, brasileiros, somos privilegiados. Quem está no Norte ou Nordeste poderá vê-lo com facilidade.

“É praticamente certo que vocês conseguirão ver alguns meteoros riscando o firmamento. A quantidade depende do local onde estiverem. O melhor de tudo? Vocês podem observar de suas casas e respeitar as medidas de isolamento social, imprescindíveis em meio à pandemia da Covid-19”, diz o astrônomo Julio Lobo, do Observatório Municipal de Campinas Jean Nicolini.

Na madrugada de quarta (6) para quinta-feira (7), o espetáculo se repetirá, mas com menor intensidade.

Veja este registro da Eta Aquáridas do ano passado, na Alemanha:

Como ver?
Torça por um céu sem nuvens. Procure um lugar com pouca luz, como uma varanda ou quintal. Quanto menos poluição luminosa, mais chances de observação;
Fique confortável. Sente em uma cadeira (de preferência uma de praia), proteja-se do frio e evite usar o celular (para não se distraírem e nem ter a visão ofuscada pela claridade da tela);
Tenha paciência. Seus olhos demoram cerca de 20 minutos para se acostumar com a baixa luminosidade e a diferenciar a luminosidade dos diferentes corpos celestes (estrelas, planetas, meteoros);
Olhe para o leste (onde o Sol nasce). Procure o ponto mais brilhante do céu, que será o planeta Júpiter. Logo abaixo de Júpiter, estará Saturno, de tom amarelado; abaixo de Saturno, estará um astro de tonalidade alaranjada — é Marte;
Visualizando Marte, olhe um palmo mais abaixo, onde estará a constelação de Aquário. Os meteoros vão aparentar surgir ao redor dela. Um serviço de observação dos céus (como o Skywalk, Starchart ou Stellarium) pode te ajudar a encontrar este ponto;
Observe atentamente e esperem pelos meteoros. O pico será por volta das 3h30, quando a Lua crescente se põe, e eles estarão visíveis até o amanhecer.
Faça um pedido a cada “estrela cadente” vista, como manda a tradição.
“Saibam que vocês não vão ver apenas simples meteoros. Vocês terão uma experiência única. São pedacinhos da cauda do cometa Halley, que nos visitou pela última vez há 34 anos”, comenta Lobo.

O que é?
Meteoros, também chamados de estrelas cadentes, são pequenos pedaços de rochas e poeira espacial, que queimam ao entrar na atmosfera da Terra em alta velocidade. Eles são inofensivos, do tamanho de um grão de feijão, e se desintegram bem antes de atingir o solo.

A chuva Eta Aquáridas é composta por resquícios do cometa Halley. Ela acontece uma vez por ano, todos os anos, no início de maio. É quando a Terra, em seu movimento de translação em torno do Sol, cruza a órbita do cometa, onde flutua uma trilha de destroços e poeira — deixada nas passagens anteriores do Halley ao longo de milhares, talvez milhões, de anos.

Neste período, por cerca de um mês, algumas dessas partículas deles atingem nossa atmosfera, causando a bela chuva de meteoros — que atingem seu pico durante cerca de dois dias, quando atravessamos a área mais central e densa do rastro.

Já o cometa Halley visita nossa região do Sistema Solar a cada 74-79 anos — a última vez que conseguimos vê-lo da Terra foi em 1986, e seu retorno está previsto para 2061. É o único cometa regularmente visível a olho nu por nós. Sua órbita é uma elipse estreita e comprida, que vai do Sol a, aproximadamente, o planeta anão Plutão.

Um cometa é, a grosso modo, uma enorme bola de gelo “sujo”, com amônia, metano e detritos. Quando se aproxima do Sol, emite gases e poeira flamejantes, que criam a sua cauda característica. É como um caminhão-caçamba que vai derrubando terra pela estrada.

A Terra cruza a “estrada” do Halley duas vezes por ano, em dois pontos diferentes. O cometa também é o responsável pela chuva de meteoros Orionídeas (na constelação de Órion), que vemos todo mês de outubro, quando a Terra intercepta a segunda “perna” de sua órbita.

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