Vivemos tempos tão estranhos que, por vezes, é difícil acreditar no que está diante dos nossos olhos. Um desses absurdos modernos atende pelo nome de bebê reborn — bonecas hiper-realistas que estão sendo tratadas como filhos de verdade. Isso mesmo: filhos. Com direito a fraldas, berço, mamadeira, passeio de carrinho e até acompanhamento médico.
A coisa já passou de qualquer limite do razoável. Existem famílias se separando por causa dessas bonecas, disputas judiciais pela “guarda” e clínicas especializadas para atender esses “bebês” de plástico. Médicos! Sim, profissionais da saúde dedicando tempo para simular o cuidado com algo que nem vivo é.
É claro que há casos e casos. Algumas pessoas encontram nessas bonecas um conforto temporário após perdas dolorosas. Mas e quando essa prática vira obsessão? Quando vira dependência emocional? Quando o boneco ocupa o lugar do real?
A verdade é que isso escancara algo muito mais profundo: um vazio existencial que muita gente está tentando preencher com fantasia. Enquanto crianças de verdade passam necessidade, sofrem abusos e são ignoradas, há quem dedique mais cuidado e carinho a um objeto do que à própria humanidade.
Isso é só moda? É carência? É loucura coletiva? Ou será que estamos mesmo assistindo, aos poucos, o colapso de uma sociedade que já não sabe mais onde está o real e o inventado?
É um alerta. Um sinal de que alguma coisa não está certa. Porque, quando bonecas ganham o status de filhos e viram motivo de briga judicial, a gente precisa perguntar: que mundo é esse?