
Nos últimos dias, tem ganhado força nas redes sociais e no meio político um discurso que promete “fazer os ricos pagarem mais impostos”. A ideia, apresentada como uma forma de justiça social, tenta criar um embate direto entre classes, colocando o pobre contra o rico. Mas, na prática, quem de fato sente o peso da carga tributária no Brasil continua sendo o consumidor final — geralmente o mais pobre.
É importante destacar que boa parte das vozes que levantam essa bandeira vivem uma realidade muito distante da maioria da população. São pessoas que desfrutam de altos salários, viagens frequentes ao exterior, refeições sofisticadas e um padrão de vida elevado. Ainda assim, se apresentam como representantes do povo, usando a linguagem popular para sustentar discursos elaborados nos bastidores do poder.
Mas como funciona, na prática, essa questão dos impostos?
Quando um novo tributo é criado ou quando há aumento da carga tributária sobre empresas, produtos ou serviços, o valor não é absorvido pelo empresário ou pelo “rico”. O que acontece é uma simples transferência de custo: o imposto é embutido no preço final e, quem paga, é o consumidor. Em um país como o Brasil, onde o sistema tributário é regressivo, isso significa que os mais pobres são os mais penalizados, já que consomem uma maior parte de sua renda em bens e serviços essenciais.
Enquanto isso, o discurso de justiça tributária segue sendo usado como ferramenta de mobilização política — muitas vezes por quem pouco ou nada sofre com os efeitos da alta dos preços. É um jogo perigoso, que explora a indignação popular sem apresentar soluções reais para o problema.
A discussão sobre reforma tributária é legítima e necessária. Mas precisa ser feita com responsabilidade, clareza e, sobretudo, honestidade com quem paga a conta. Porque no fim das contas, quem sustenta o país não são os milionários dos palanques — é o trabalhador da feira, do comércio, da construção civil.




