
Mais uma vez, câmeras de segurança flagraram o momento em que dois adolescentes, aparentemente em situação de rua, arrombam um estabelecimento comercial no centro de Vitória da Conquista. A cena, infelizmente, não é isolada — comerciantes já relatam uma rotina de prejuízos e medo.
O que chama atenção é que muitos desses jovens não estão completamente desamparados. Segundo levantamento feito por nossa equipe, a maioria possui famílias e moradias fixas, mas optam por permanecer nas ruas, onde encontram liberdade para o uso de entorpecentes. Alimentação, roupas e cobertores também não faltam. Igrejas, ONGs e pessoas de boa fé realizam diariamente ações sociais, distribuindo marmitas, kits de higiene e doações no centro da cidade, principalmente na Praça 9 de Novembro.
O problema é que, apesar da boa intenção, essa ajuda tem se transformado em combustível para a permanência desses jovens nas ruas — e, pior, no aumento de delitos. “Aqui é lindo de viver”, chegou a dizer um morador de rua em entrevista recente ao Blog do Léo Santos. “Aqui a gente ganha tudo, come de três em três vezes, não falta nada.”
De fato, há relatos de que alguns chegam a pegar marmitas de diferentes instituições na mesma noite, acumulando alimentos que, muitas vezes, acabam jogados fora. O que deveria ser um gesto de amor e solidariedade tem, sem querer, contribuído para manter um ciclo de vício, violência e dependência nas ruas centrais de Conquista.
Enquanto isso, os crimes se repetem arrombamentos, furtos e pequenos delitos cometidos por menores, muitos deles “criados com sopinha e chocolate quente”, como ironizam os próprios comerciantes. Uma realidade dura que exige reflexão: para onde deve ser direcionada a verdadeira ação social?
Centros de recuperação, hospitais, bairros mais afastados e famílias carentes da parte alta da cidade ainda precisam muito desse apoio. O que falta, talvez, seja redirecionar o foco. Fazer o bem, sim — mas com consciência e estratégia.




