
Uma megaoperação da Polícia Federal, Receita Federal e Ministério Público de São Paulo, deflagrada na última quinta-feira (28), expôs um esquema bilionário do Primeiro Comando da Capital (PCC) que usava o coração do mercado financeiro do Brasil para lavar dinheiro do crime. A investigação revelou que a rede da facção se estendia por 10 estados, incluindo a Bahia.
Segundo as autoridades, o esquema movimentou pelo menos R$ 52 bilhões entre 2020 e 2024. A facção utilizava fundos de investimento e fintechs que operam na Avenida Faria Lima, em São Paulo, para lavar, ocultar e proteger o dinheiro vindo do tráfico de drogas e de um esquema de sonegação fiscal no setor de combustíveis.
A Conexão com a Bahia
As investigações apontam que o PCC usava uma rede de aproximadamente mil postos de gasolina para lavar o dinheiro do tráfico, e parte desses postos estava localizada na Bahia. Além disso, o dinheiro já “limpo” era usado para comprar bens de luxo. Entre os 100 imóveis adquiridos pela facção através de fundos de investimento, está uma mansão em Trancoso, no litoral sul baiano.
Como Funcionava o Esquema
O esquema operava em quatro etapas:
Combustíveis: Empresas financiadas pelo PCC importavam combustíveis.
Lavagem: O produto era distribuído para a rede de postos da facção (inclusive na Bahia), que sonegava impostos e misturava o dinheiro do tráfico com as vendas legais.
Ocultação: O dinheiro era enviado para fintechs, que o misturavam com recursos de outros clientes em “contas bolsão”, dificultando o rastreio.
Blindagem: O valor era investido em fundos de investimento na Faria Lima, que compravam ativos (caminhões, imóveis, usinas) para a facção, dando uma aparência de legalidade ao patrimônio.
Repercussão
A operação, batizada de Carbono Oculto, Quasar e Tank, foi chamada pelo presidente Lula de “a maior resposta do Estado brasileiro ao crime organizado de nossa história”. O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a fiscalização sobre as fintechs será ampliada. Os supostos líderes do esquema, Mohamad Mourad e Roberto Leme da Silva, estão foragidos.




