Repercussão internacional: sanção dos EUA à esposa de Moraes é vista como escalada na crise diplomática

A decisão do governo de Donald Trump de sancionar Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, continua repercutindo fortemente na imprensa internacional e é apontada como uma escalada sem precedentes na crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos.

De acordo com o Washington Post, a medida mostra o endurecimento da Casa Branca contra o Judiciário brasileiro e busca retratar Moraes como um “opressor da liberdade de expressão”. O jornal norte-americano lembrou ainda que sanções desse tipo geralmente são aplicadas contra regimes inimigos como Irã ou Coreia do Norte, o que evidencia a gravidade da decisão.

O jornal espanhol El País foi ainda mais duro ao destacar que Viviane Moraes passa a integrar a mesma lista de sancionados onde figuram cartéis de drogas internacionais e violadores de direitos humanos, como o cartel de Sinaloa e líderes islâmicos ligados ao Irã. Segundo a publicação, já havia expectativa no Brasil de que ela seria o próximo alvo da retaliação norte-americana.

Já a rede Al Jazeera avaliou que os recursos contra as sanções dificilmente terão êxito e ressaltou que o episódio aprofunda a crise entre as duas maiores democracias do Hemisfério Ocidental.

Além da esposa de Moraes, também foram atingidos auxiliares e ex-colaboradores do ministro, além de integrantes do Judiciário brasileiro que atuaram em processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. A lista inclui Airton Vieira, Benedito Gonçalves, Cristina Yukiko Kusahara, José Levi, Marco Antonio Martin Vargas e Rafael Henrique Rocha.

O caso marca mais um capítulo da crescente tensão entre Washington e Brasília. Nos últimos meses, os EUA já haviam imposto tarifas de 50% sobre importações brasileiras, revogado vistos de ministros do STF e ampliado a pressão diplomática.

A sanção à esposa de Moraes, entretanto, foi vista pela comunidade internacional como um passo além, capaz de redefinir as relações bilaterais e abrir um novo período de instabilidade política e econômica no Brasil.