
A megaoperação das forças de segurança no Rio de Janeiro nesta terça-feira (28) revelou não apenas o poderio bélico dos criminosos, mas também seus ídolos. Em uma mansão de luxo, com piscina e acabamentos de primeira, erguida por um traficante do Comando Vermelho em meio à pobreza do Complexo do Alemão, a polícia encontrou uma verdadeira galeria de arte dedicada ao rapper Oruam.
Vídeos que circulam mostram o interior do imóvel, onde, em um cômodo que parece ser um estúdio, diversos quadros com retratos do cantor foram encontrados. A idolatria do chefe do tráfico pelo artista, que se autointitula embaixador da cultura e já se lançou como pré-candidato a deputado, estava estampada nas paredes, em um cenário de ostentação financiado pelo crime.
O contraste é gritante: enquanto a operação, batizada de Contenção, se espalhava por 26 comunidades para cumprir mais de 250 mandados de prisão e busca, e bandidos reagiam com tiros e barricadas de fogo, a admiração por Oruam era um dos destaques no refúgio de luxo de um dos alvos.
A descoberta levanta questionamentos sobre a influência e as figuras que são reverenciadas no topo da hierarquia do crime. Enquanto a população sofre com a violência, uma mulher foi baleada dentro de uma academia e um homem em seu local de trabalho durante a ação ,a imagem de uma figura pública que almeja um cargo político decora o santuário de um dos responsáveis pelo caos.




